Queria poder te abraçar.

Tudo o que eu queria hoje era te abraçar. Um abraço longo, apertado. Queria chorar no teu ombro matando essa saudade que vez outra me aperta o coração. Queria ouvir sua voz chamando meu nome. Queria mesmo...

Eu queria sentar num lugar bem tranqüilo. Falar sobre a vida, sobre as possibilidades, sobre a sua infância, sobre os seus medos, sobre as suas vontades. Relembrar os aniversários, dias dos pais, natais... Rir das coisas engraçadas que passamos juntos. Falar mais uma vez o quanto maravilhoso você foi.

Eu, na minha imaturidade, esquecia por muitas vezes que você não era super-herói. Na minha cabeça pai não podia errar, não podia sofrer, não podia temer. Porque era obrigação saber o caminho e segurar as pontas, nortear o barco. Mas você soube nortear o barco da nossa vida, pai.

Você foi nosso exemplo (meu e de Nando) de dignidade, de caráter. Foi amável, educador e amigo. Um amigo de verdade!

Então, eu hoje queria ficar ao seu lado. Nosso encontro hoje seria assim: Como dois amigos, amigos de longa data que marcam um encontro numa praça. Que ao se reencontrarem se abraçam e ficam assim um tempo, como que relembrando os dias em que estiveram juntos no passado. Eu te olharia e você também.  Sentaríamos num banco e passaríamos o tempo conversando exatamente como fazem dois velhos amigos. Sem cobranças, só lembrança. Queria ouvir suas histórias. Saber dos caminhos por onde andou. O que viu e ouviu por aí. Queria rir baixinho pra ter o prazer de ouvir o seu riso.  Olhar seus olhos, sentir sua presença...

Acho que posso fazer de conta, né? Fechar meus olhos e sonhar. Acho que vou fazer isso, pai. Quem sabe você também não está fazendo a mesma coisa, né? Pensando em mim. Pensando em Nando. 

 Saudade imensa... Amor eterno.