quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Uma página do meu diário - Blogagem Coletiva.





O Blog Diários de Bordo está comemorando três anos e a Alê nos chamou pra celebrar junto com ela através de uma deliciosa blogagem coletiva.
Resolvi postar novamente uma publicação que fiz no comecinho do meu blog. Na ocasião, fazia três anos que eu havia saído da minha terra amada, meu Recife querido e apesar de muito saudosa, estava (e estou) muito feliz.

“Hoje faz 3 anos que estava na maior correria com minha mudança de Recife para o interior do Piauí. Meu marido estava assumindo uma nova função na empresa que trabalhava e eu o acompanhei nessa nova fase. Apesar de feliz por todo o momento próspero que estava acontecendo na minha vida, foi difícil deixar minha casa, minha família e principalmente minha mãe.
Quando casei, continuei morando na mesma rua que meus pais moravam, então, minha “saída” de casa não foi dolorosa como já ouvi muitas noivinhas contarem sobre o quanto foi doído fazer as malas e deixar a casa dos pais. Eu morava bem pertinho e todo dia a gente se via. Se gritasse, eles ouviriam.
Mas dessa vez era diferente. Iria pra longe e deixaria mamãe sozinha. Meu pai já havia falecido e meu irmão morava no Rio de Janeiro. Mesmo sabendo que ela tem os irmãos, sobrinhos e minha vó perto, mesmo assim, estava com coração partido. Quando meu irmão foi morar no Rio, vi de perto o quanto ela sofreu sentindo falta dele. Somos muito agarrados e muito emotivos.
Paulo foi primeiro. Tava tão tristonha nesse dia. Fui com ele para o aeroporto e esperei o avião decolar. Lembro que tinha música ao vivo no mezanino e no momento que me despedia dele começaram a cantar Velha Infância, da Marisa Monte. Engraçado como tem música que marca passagens da vida da gente, né?  “Você é assim: um sonho pra mim, e quando eu não te vejo, eu penso em você, desde o amanhecer até quando eu me deito” ... E naquele dia chorei de felicidade por um sonho realizado e também medo do desconhecido.
Ele ficou de arrumar casa ou apartamento por lá.Eu fiquei responsável por toda a organização da mudança com a transportadora. Um mês depois de muita agonia pra conseguir um apartamento na nova cidade, porque além de pequena, quase não havia imóvel disponível para locação, finalmente chegou o dia de partir.  Mamãe chorava desde que soube que eu iria embora e isso me consumia.  Eu estava saindo de uma grande capital, terra que amo, da minha casa, de perto dos meus amigos, de perto dela, indo para uma cidade pequena, longe da capital, quente... Enfim, eu estava precisando de apoio naquele momento, entretanto, tive que apoiá-la e isso realmente me consumia. Eu falava que era mais um lugar pra ela conhecer, mostrava as maravilhas naturais do Piauí e dos passeios que ela faria. Brincava com a temperatura da cidade que era bem alta. Tentava o tempo todo mostrar que era pro meu bem e que tudo daria certo. Tentava o tempo todo deixá-la mais animadinha.  Eu sabia que não seria fácil pra ela. E nem pra mim.
Sairíamos na madrugada da segunda feira, dia 9 de maio. Passei uma tarde nostálgica. Liguei pra minha vó e me despedi dela (ela preferiu por telefone, pois detesta despedida) ouvi conselhos e recebi suas bênçãos.  Falei com os vizinhos e todos desejavam boa sorte. E na hora de falar com minha tia, começou a choradeira. Fomos dormir cedo porque o trajeto é longo, quase 820 km de distância de Recife até Picos, Piauí.
Paramos pra falar com mamãe antes de pegar a estrada. Ela falou com Paulo e já começou a chorar baixinho. Nesse momento, a vontade de não ir foi grande, mas não tinha como evitar. Tinha que ir.  Na hora de me despedir dela não tive voz, sumiu. Até evitei falar porque sabia que desabaria. A gente se abraçou no meio da sala. Um abraço forte e longo.  A expressão "engolir o choro"tomou sentido pra mim nesse dia. Eu engoli o meu naquela hora. Ela soluçava. Pedi que se cuidasse e entrei no carro. Chuviscava nessa hora. Depois que saí do condomínio chorei. Caminho longo e estrada cheia de retas. No som do carro, U2 marcava essa nova etapa. Mas foi uma mudança pra melhor e rapidinho estaríamos nos visitando.
 E foi assim que comecei minhas andanças. É legal mudar de cidade e de estado. É interessante um mesmo país e tantos costumes diferentes. Eu vivi situações engraçadas demais, conheci pessoas diferentes, interessantes, especiais e aos poucos vou contar aqui no blog essas histórias da minha vida. Foi e está sendo muito bom.
Ah!...Hoje mamãe não chora mais, já me visitou várias vezes e conheceu lugares diferentes. Eu vou sempre pra Recife (estamos indo sábado passar uma semana na terrinha!) e a gente se fala quase todo  dia pelo telefone em ligações demoradas (quando a TIM deixa). Tem dia que a gente liga e nem assunto tem, né mãe? rsrss.”


 "Alê, lindona! Amei participar da blogagem! Parabéns pelo aniversário do blog! Só quem tem um, sabe o trabalhão que nos dá. Mas somente quem tem um blog sente o prazer que ele nos proporciona e a alegria que temos em conhecer novas pessoas e fazer novas amizades, compartilhar experiências e participar dessa grande troca de energia boa que existe entre nós. "


26 comentários:

  1. Linda e comovente página do diário essa. Eu senti na pele isso...Adorei ler!beijos,chica

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    1. Oi Chica!!!

      Linda é você e tudo o que escreve em seu blog! Adoro!!!!

      Beijos, flor!


      Selma

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  2. E eu amei seu depoimento! Me fez pensar na pressa que sinto de sair de casa. Ninguém me trata mal, mas como a familia cresceu temos tido cada vez menos espaço aqui em casa. To doida pra terminar a faculdade e arrumar um emprego, mas vejo que a minha ligação com minha família é a mesma que vc tem com a sua. Eu tinha pensado em comprar um ap perto deles tb quando eu tivesse grana mas vou ter que esperar pra ver como as coisas ficam. Beijos!

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    1. Oi Alê!

      Que bom que gostou. Escolhi essa página da minha vida, pois foi algo que marcou muito. E marcou muito porque foi muito desejada, batalhada e conquistada com muito esforço. O ônus é o impacto que a mudança nos causa. Mas acredite, mesmo com toda a choradeira, valeu muito tudo o que passei. Faz uma coisinhas de cada vez. E quando estiver preparada, não tenha medo de mudar de casa. Depois que tudo passa, vem a parte boa.

      Beijos

      Selma

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  3. Olá querida,
    gostei muito do seu diário, tbm já morei na mesma cidade que a minha família, hoje estou longe de todos, por motivo de trabalho o meu esposo tbm veio p/ capital, só vejo minha mãe no final do ano.

    Beijinhos, fica com Deus!

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    1. Oi Andrea!

      Então vc sabe das dificuldades e também das coisas boas que mudar de cidade nos causam.

      Também vejo minha família uma vez por ano. Essa é a parte ruim. É o medo de algo acontecer e não estarmos pertinho pra ajudar( quando minha mãe pega uma gripe a vontade que tenho é de pegar um aviao e voar pra perto dela) e também os encontros de família, almoço de domingo... A gente perde sempre essas coisas, né?

      Beijos, lindona!

      Selma

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  4. Como é confortador revermos estas páginas vividas que foram retrato de outros momentos,porém, contidos naquilo que fomos e somos.O querido diário registrou tudinho.Bacana, Selma.
    Bjos,
    Calu

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    1. Oi Calu!!!!

      Você falou tudo! É bom demais revistar esses momentos.
      Foi uma blogagem bacana. Amei participar.

      Beijos

      Selma

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  5. Oi Selma!!!

    Muito interessante sua história!!! Mudanças são sempre difíceis, mas você enfrentou bem e relata de uma forma muito legal com trilha sonora e tudo. Adorei a trilha sonora que lhe acompanhou, a Música "Velha infância" com a Marisa Monte é linda e eu amo esta música e também amo o U2, aliás uma das minhas bandas preferidas. Muito legal este post!!!
    Bjs :)

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    1. Oi Bia!!!!

      Pois é flor... Você me entendeu direitinho. Se não fosse toda a agonia da minha mãe teria sido mais fácil.
      Florzinha eu adoro U2 !!!

      E também acho uma das melhores bandas.

      Beijos

      Selma

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  6. Selminhaaa
    Amadinha que relto maravilhoso, emocionante e belo.
    E como doem essas "rupturas" de laços né?
    Lembro quando estava indo morar no Rio Grande do Sul com o pai de João o quanto meu pai e meu padrinho choravam. Mas até que a minha mãe. Mas depois fiquei sabendo que desaguou geral em casa.
    Sou um pouco nômade e não tenho medo de recomeçar, de mudar mas hoje com meu filhotes totalmente dependentes de mim fica dificil jogar meus pés na estrada outra vez.
    Bjs Selminhaaa
    Adoreiii
    Debby :)

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    1. Oi Debby!

      Confesso que estava muito assustada na primeira vez que mudei. Principalmente pela minha mãe( que é a pessoa mais emotiva do mundo, rsss) e quando meu irmão foi morar no RJ eu vi de perto todo o sofrimento dela, entao, sabia o que ela iria passar. E ela chorava muito antes da viagem. Meu padrasto me contava que tinha dia que ela acordava chorando e dormia chorando. Isso me consumia ainda mais, entende? Mas superei e me fortaleci. Hoje eu até gosto de mudar.
      Mas é como você falou, com filhos a situação muda, né não? Eu penso nisso quando chegarem os meus.

      Beijos, amada!

      Selma.

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  7. Que post lindo,bom final de semana beijos

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    1. Oi Luci!!!!

      Obrigada, florzinha!

      Um final de semana maravilhos, ensolarado e iluminado pra você!

      Beijos

      Selma.

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  8. Bom dia Selma. Então você é recifense como a Pandora? Legal.
    Eu sou como sua avó, não gosto de despedidas e toda aquela choradeira. Não sei como lidar com isto.
    Mesmo sendo doloroso para você ter que "deixar" sua mãe, seguiu adiante e agora tudo se normalizou. Assim é a vida, temos que procurar sempre fazer as melhores escolhas.


    => CLIQUE => Escritos Lisérgicos

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    1. Oi Christian!

      Sou de Recife sim : )

      Olha, eu também não gosto muito da parte da choradeira, não, rsss

      Mas você disse bem, "é preciso procurar fazer as melhores escolhas" e eu não me arrependo hora nenhuma de ter saído, mudado. Hoje encaro as mudanças numa boa. Foi preciso realmente " romper" laços naquele dia... Ganhei muito em experiencia, entende?

      Beijos!

      Selma.

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  9. Realmente é difícil largar uma cidade e recomeçar à vida em outra. Mas pelo que postou já está em processo de adaptação.Bjs. Sandra

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    1. Oi Sandra!

      Foi complicado... Mas hoje dou risadas das coisas que passei. E depois dessa mudança, já passei por mais 2 cidades. Tô acostumada já.

      Beijos

      Selma.

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  10. Oi, Selma!
    Estou atrasadinha para vir te visitar, mas cá estou!!
    Sou como sua avó, não gosto de despedidas. Também já morei em vários lugares e sempre guardo saudades. Sua mãe se acostumou e você também, pois sem o peso das obrigações de filha e das de mãe, tudo fica mais razoável, começamos a compreender que cada um tem seu caminho e vida para cuidar. E principalmente, não há nada que o ser humano não se acostume ou tente se acostumar, pois quando não assumimos uma condição, a tendência é olhar para o passado e não viver o presente! Ótimo que agora estejam mais tranquilas, pois é assim que tem que ser!! Beijus no coração!!

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    1. Oi Luma!

      Sábias palavras, lindona!

      Depois de toda a agonia passada, hoje vejo o tamanho da importancia que foi todo o processo da mudança e no quanto nós( eu e ela) ganhamos em qualidade de tempo juntas.

      Hoje estamos bem, já acostumadas com a distancia. Eu estou amando mudar de cidade. Legal conhecer novos hábitos, cultura...

      Beijos,

      Selma.

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  11. Oi Selma,
    também estou participando da Bc pág de Diário. Atrasadinha nas visitas.
    Quando sai de casa dos pais já não escrevia no diário, mas também, não fui para longe. Portugal é pequenino.
    É bom relembrar esses momentos marcantes para todos.
    Beijinhos.
    Rute

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  12. Oi Rute!

    Verdade, florzinha... relembrar esses momentos é sempre muito bom : )

    Beijos!

    Selma.

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  13. O começo de uma nova vida sempre é mais dolorido, depois da primeira dor o resto é um descobrir de novas possibilidades!!! É lindo ouvir/ler de uma amizade entre mãe e filha que vence distancias e mantém a cumplicidade e o amor sempre.

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    1. Oi Flor!

      VErdade, lindona...
      foi complicado. Mas agora tudo está bem.
      Minha mãe é minha vida e somos amigas mesmo. Inclusive quando uma erra a outra da bronca, se eu erro ela me corrige, se ela faz algo que não foi legal( mãe não eraa!, rss) eu dou conselhos ( e ela ouve) ,né legal?

      Beijos

      Selma.

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  14. Ei Selma, é isso aí, sem medo do novo e sem medo de ser feliz. Sua mae entendeu, e agora tem um lugar pra passear qd lhe der na telha, bom nao é? Sei o qt podem ser duras as despedidas, passo por elas de vez em qd, mas elas sao mesmo, necessárias. Geralmente só trazem coisas boas consigo.

    Conheco Recife, é bonita, mas ainda prefiro Olinda :-)
    Sempre quis conhecer o Piaú, dizem que tem praias lindas aí, nao é? Vc nao quer me dar umas dias de onde ir?

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    1. Oi Nina!

      Despedidas são complicadas, mas com boa vontade a gente se acostuma e toca a vida, n´não? Eu procuro olhar sempre o lado positivo da história.

      Então, o litoral piauiense é bem interessante, e você pode fazer a rota das emoções que passa pelo Delta do Parnaíba (Piauí), Jericoacoara( Ceará) e Lençóis Maranhenses( Maranhão).
      Vou organizar as dicas e te mando, ok?

      Beijos,

      Selma.

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