Hoje faz 3 anos que estava na maior correria com minha mudança de Recife para o interior do Piauí. Meu marido estava assumindo uma nova função na empresa que trabalhava e eu o acompanhei nessa nova fase. Apesar de feliz por todo o momento próspero que estava acontecendo na minha vida, foi difícil deixar minha casa, minha família e principalmente minha mãe.
Quando casei, continuei morando na mesma rua que meus pais moravam, então, minha “saída” de casa não foi dolorosa como já ouvi muitas noivinhas contarem sobre o quanto foi doído fazer as malas e deixar a casa dos pais. Eu morava bem pertinho e todo dia a gente se via. Se gritasse, eles ouviriam.
Mas dessa vez era diferente. Iria pra longe e deixaria mamãe sozinha. Meu pai já havia falecido e meu irmão morava no Rio de Janeiro. Mesmo sabendo que ela que tem os irmãos, sobrinhos e minha vó perto, mesmo assim, estava com coração partido. Quando meu irmão foi morar no Rio, vi de perto o quanto ela sofreu sentindo falta dele. Somos muito agarrados e muito emotivos.
Paulo foi primeiro. Tava tão tristonha nesse dia. Fui com ele para o aeroporto e esperei o avião decolar. Lembro que tinha música ao vivo no mezanino e no momento que me despedia dele começaram a cantar Velha Infância, da Marisa Monte. Engraçado como tem música que marca passagens da vida da gente, né? “Você é assim: um sonho pra mim, e quando eu não te vejo, eu penso em você, desde o amanhecer até quando eu me deito” ... E naquele dia chorei de felicidade por um sonho realizado e também medo do desconhecido.
Ele ficou de arrumar casa ou apartamento por lá.Eu fiquei responsável por toda a organização da mudança com a transportadora. Um mês depois de muita agonia pra conseguir um apartamento na nova cidade, porque além de pequena, quase não havia imóvel disponível para locação, finalmente chegou o dia de partir. Mamãe chorava desde que soube que eu iria embora e isso me consumia. Eu estava saindo de uma grande capital, terra que amo, da minha casa, de perto dos meus amigos, de perto dela, indo para uma cidade pequena, longe da capital, quente... Enfim, eu estava precisando de apoio naquele momento, entretanto, tive que apoiá-la e isso realmente me consumia. Eu falava que era mais um lugar pra ela conhecer, mostrava as maravilhas naturais do Piauí e dos passeios que ela faria. Brincava com a temperatura da cidade que era bem alta. Tentava o tempo todo mostrar que era pro meu bem e que tudo daria certo. Tentava o tempo todo deixá-la mais animadinha. Eu sabia que não seria fácil pra ela. E nem pra mim.
Sairíamos na madrugada da segunda feira, dia 9 de maio. Passei uma tarde nostálgica. Liguei pra minha vó e me despedi dela (ela preferiu por telefone, pois detesta despedida) ouvi conselhos e recebi suas bênçãos. Falei com os vizinhos e todos desejavam boa sorte. E na hora de falar com minha tia, começou a choradeira. Fomos dormir cedo porque o trajeto é longo, quase 820 km de distância de Recife até Picos, Piauí.
Paramos pra falar com mamãe antes de pegar a estrada. Ela falou com Paulo e já começou a chorar baixinho. Nesse momento, a vontade de não ir foi grande, mas não tinha como evitar. Tinha que ir. Na hora de me despedir dela não tive voz, sumiu. Até evitei falar porque sabia que desabaria. A gente se abraçou no meio da sala. Um abraço forte e longo. A expressão "engolir o choro"tomou sentido pra mim nesse dia. Eu engoli o meu naquela hora. Ela soluçava. Pedi que se cuidasse e entrei no carro. Chuviscava nessa hora. Depois que saí do condomínio chorei. Caminho longo e estrada cheia de retas. No som do carro, U2 marcava essa nova etapa. Mas foi uma mudança pra melhor e rapidinho estaríamos nos visitando.
E foi assim que comecei minhas andanças. É legal mudar de cidade e de estado. É interessante um mesmo país e tantos costumes diferentes. Eu vivi situações engraçadas demais, conheci pessoas diferentes, interessantes, especiais e aos poucos vou contar aqui no blog essas histórias da minha vida. Foi e está sendo muito bom.
Ah!...Hoje mamãe não chora mais, já me visitou várias vezes e conheceu lugares diferentes. Eu vou sempre pra Recife (estamos indo sábado passar uma semana na terrinha!) e a gente se fala quase todo dia pelo telefone em ligações demoradas (quando a TIM deixa). Tem dia que a gente liga e nem assunto tem, né mãe? rsrss.
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