Esperava que sua estadia naquela cidade fosse passageira.
Não que houvesse acontecido algo de ruim naquele lugar para que ela desejasse
sair com tanta rapidez, não era bem
isso. Mas é que sentiu dificuldades na adaptação ao jeito fechado das pessoas
que convivia, encontrava na rua, padaria, na praça... Acreditava que talvez
fosse culpa dos muros altos das casas vizinhas e que de fato, estava conhecendo
pouca gente. Não poderia generalizar (e nem gostava disso) que todos fossem reservados
para novas amizades.
Mudou pra uma outra rua, para um edifício. A possibilidade de encontrar vizinhos
em elevador, no hall do prédio, reunião de condomínio ou qualquer outro evento,
deixava-lhe entusiasmada. Enganou-se. Gente sempre com pressa, com cara fechada
e irritantemente soberba contribuiu ainda mais para o desejo de mudar pra
outro estado. Gostava de conhecer pessoas, fazer amigos, visitar e receber pra
almoço animado num dia de domingo e sentia falta disso.
E tem também a saudade enorme da mãe, da avó, dos tios e
primos. Da casa aconchegante e de jardim florido e frutificado que deixou na
terra natal, do mar com cor de mar, da gentileza das pessoas, das belezas e
tanta coisa boa pra fazer nos finais de semana. Onde mora atualmente tudo é
muito complicado e diferente. Estava aberta para o novo, mas o novo não está
aberto pra quem chega. É um tal de “olhar pro próprio umbigo” que até faz pena.
E assim, mesmo tentando fazer o tempo passar com pensamentos
coloridos, procurando o lado positivo em tudo de ruim que esbarrava, tentando
mudar ou melhorar florindo as coisas que via e procurando gostar de coração e
verdade, ela cansou. Ela não cansou do seu cantinho mágico e colorido onde é
sempre tão bem acolhida, muito pelo contrário. Era na esfera bloguística que
ela respirava leve. Mas ela precisa de pausas. Pausas de tudo... Queria ficar quieta.
Foi tratar da alma. Foi aprender coisas que nem passava pela
cabeça um dia aprender. E nesse mundo novo que foi buscar, conheceu gente
diferente. O astral melhorou, o olhar ficou mais generoso e compreensível, a
leveza desejada voltava aos poucos. Focou na esperança e assim segue os dias. Não
quer mais ficar quietinha. Voltou pra contar sobre as coisas que vê e gosta. O
mundo daqui de dentro da internet sempre foi especial. As pessoas que o habitam
são delicadas, amorosas e sempre carinhosas. Pede desculpas e agradece as
portas sempre abertas, com novidades e textos encantadores, onde ela tantas
vezes sorriu tornando o dia melhor.
O mundo é grande. O mundo daqui, o mundo de fora e o de
dentro da gente... E feliz quem encontrar ou plantar, colher e distribuir
flores em qualquer um deles. Pensar pequeno, seguir engessado e com olhos fechados
é tão triste.
Preferiu florir tudo ao redor. Deseja uma bela
colheita o mais rápido possível : )