A família Birautes morava na esquina da
rua massapé, naquele tradicional bairro de classe média da cidade. Seu Joaquim
e Seu Barroso trabalhavam como porteiro e segurança da residência. O que eles
não sabiam era o que acontecia todos os sábados pela manhã naquela casa. Era
incrível, todos os sábados, como se fosse uma devoção. Todos os familiares dos
Birautes iam para lá. Ao todo entravam ali mais de 17 carros. Neste horário
todos os empregados eram dispensados e só voltavam no outro dia, mas somente
Seu Joaquim e Seu Barroso trabalhavam, afinal de contas eles cuidavam da
segurança da casa e ficavam lá na frente na entrada principal, não corria o
risco de nenhum deles entrar, ou de nenhum informação vazar. Certo sábado,
quando todos entraram Seu Barroso resolveu arriscar, combinou com o Joaquim
para ficar na portaria enquanto ele ia bisbilhotar. Tirou os sapatos para não
fazer nenhum barulho, colocou um boné e um óculos de sol para não ser
reconhecido. Quando Seu Barroso atravessou a sala principal para adentrar a
parte superior da casa, pode observar com os seus próprios olhos. E era
exatamente aquilo que ele imaginava ser, o coração deu uma rápida acelerada e
ele continuou a observar. Resolveu voltar pra contar ao amigo. Correu. Sentia
arrepios. Curioso Seu Joaquim perguntou:
- E aí? Conseguiu ver algum coisa?
Seu Barroso não sabia se ria, se
chorava ou seu gritava, ele sempre queria saber o que acontecia ali. Seria um
ritual, uma reunião de família, contagem de dinheiro familiar? E hoje ele
conseguiu descobrir. Seu Joaquim já estava inquieto quando novamente
perguntou:
- E aí? Conta logo....
- Joaquim, era exatamente aquilo que
imaginei...
(Continue a História)
...
Disse isso com a voz meio trêmula e respiração ofegante e
quando se preparava para contar a descoberta do misterioso encontro familiar,
levou a mão ao peito e fez sinal de que não se sentia bem.
Assustado, seu Joaquim pegou uma cadeira para o colega
sentar e percebeu que além de afobado, estava pálido e suando frio. Naquele
momento, pouco importava o que a família fazia isolada no interior da casa. A única
preocupação era com o amigo, que respirava com grande dificuldade e tentava se
comunicar, já com voz embolada. Pensou por um segundo o que
de tão grave Barroso havia visto para ficar neste estado. Ou teria sido toda a
adrenalina do risco de alguém o pegar em flagrante? Ou ainda a corrida do interior do domicílio
até a entrada principal, onde ficavam?
E enquanto pensava, viu seu Barroso desmaiar. Desesperado,
não sabia se interrompia a reunião dos patrões, se ligava para a esposa do
Barroso ou buscava socorro com a emergência do SAMU. Temeu pelo grande segredo,
pelo emprego e pela própria vida e decidiu comunicar aos donos da casa onde
trabalhava, a situação de emergência que seguia naquele momento. Interfonou para
a casa e contou o acontecido. Ouviu do filho do patrão que tomariam rápidas
providencia, mas que ele aguardasse a saída dos parentes. Em menos de 10
minutos, um a um, os carros deixavam a residência com grande pressa e só então,
os donos da propriedade prestaram socorro ao funcionário.
Infelizmente, nada pode ser feito. Um mal súbito tirou a
vida do seu Barroso. A família prestou toda a assistência à viúva e filhos, que
questionaram como tudo aconteceu. Joaquim foi rápido com a resposta e inventou
que Barroso havia corrido para desligar a bomba d’água e na volta passou mal. Jamais
revelaria o verdadeiro acontecido.
Continuou trabalhando para a família Birautes, que por sua
vez, continuaram se reunindo aos sábados, isolados na casa. Resolveu guardar a curiosidade no fundo do
baú. E mesmo diante das perguntas incansáveis do novo funcionário sobre os
intrigantes encontros sigilosos da família, ele apenas dizia, com ar desconfiado e voz baixa:
- Deixa isso pra lá. Pro seu bem. Pro meu bem. Deixe-os
quietos e nem tente bisbilhotar, caso contrário te entrego ao chefe.
Mas passava os dias com as últimas palavras de Barroso na
cabeça. O que ele teria descoberto? Qual o segredo da família? O que
acontece no interior da casa? Qual o motivo de todos irem embora antes do
socorro? Jamais saberia... Quem ousou tentar descobrir, morreu.
Bem que dizem que "a curiosidade matou o gato”- pensou
Joaquim.
UAU!! Instigante e lindo final!! bjks, tudo de bom,chica
ResponderExcluirOi Selma, kkkk que maravilha!
ResponderExcluirEssa foi ótima, ele morreu e nem adiantou de nada, pois o outro de nada soube.
Estas coisas acontecem mesmo na vida real, não é? Gostei da sua criatividade.
Quase todos mataram o patriarca da família, mas você matou o Barrosso curioso rss.Muito bom! Obrigado pela participação.
Abraços
Que situação! Terminamos curiosos para saber que segredo era este. Mas agora nem me atrevo, vai que morro também! KKKK
ResponderExcluirComo você, sou Pernambucana, de Recife onde resido.
Abraços.
Estou curiosa...rs
ResponderExcluirParabéns pela criatividade, Selma
Um grande abraço de
Verena e Bichinhos